quinta-feira

Poemas...

A derrota está agora diante de mim
como a saúde diante do inválido,
como vaguear por um quarto em período de doença.

A derrota está agora diante de mim
como o odor da mirra,
Como sentar-se sob uma tenda num dia de vendaval.

A derrota está agora diante de mim
como o perfume de lótus,
como sentar-se à beira de um precipício em estado de embriaguez.

A derrota está agora diante de mim
como o fim da chuva,
como o regresso de um homem desfeito de ilusões
que um dia partiu para além-mar.

A derrota está agora diante de mim
como o instante em que o céu se torna puro,
como o desejo de um homem de rever a pátria
e que o esperam longos, longos anos de cativeiro…

Adaptado de Herberto, ODE DO DESESPERO, Poemas do Antigo Egipto
Quero endereçar, este poema ao senhor Alcaide para o ler em noite de insónia.

Espero que com a sua leitura se console.

Agora estes, são para os leitores do blogue:

No tempo em que Deus criou todas as coisas,
criou o sol,
e o sol nasce, e morre, e volta a nascer;

criou a lua,
e a lua nasce, e morre, e volta a nascer;

criou as estrelas,
e as estrelas nascem, e morrem, e voltam a nascer;

criou o homem Alcaide,
e o homem nasceu, vai morrer, e não voltará a aparecer!

Adaptado de Herberto, Poema Dincas, Sudão.

No deserto,
vi a criatura do senhor Alcaide nua, brutal,
que de cócoras na terra
tinha o seu coração
nas mãos, e comia…
Disse-lhe: «É bom, amigo?»
«É amargo» - respondeu - ,
Amargo, amargo como a minha derrota!».

Adaptado de Stephen Crane, Poema O Coração

Estamos certos que os poemas se cumprirão e assim nós com certeza ficaremos mais aliviados…

O Rei

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